8 de dezembro de 2024

Manifestação ACP/RS: novo PL do Governo do Estado reflete desigualdade na valorização da Polícia Civil

Conforme apresentação feita pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, as propostas voltadas para as instituições de segurança pública deixam a desejar no que tange à Polícia Civil. As melhorias apresentadas são limitadas e pouco abrangentes, não alcançando uma parcela significativa dos servidores.

Embora o governo tenha destacado o projeto como um reforço estrutural, as mudanças propostas para a Polícia Civil se resumem ao pagamento de horas de sobreaviso (no valor de um terço da hora extra, limitado a 10% do efetivo e condicionado à existência de dotação orçamentária) e à criação de 239 Funções Gratificadas (FGs) com novos valores, extinguindo o quadro atual dessas funções.

Essa reestruturação traz uma injustiça embutida. As novas FGs, em sua maioria, são destinadas a chefias ocupadas por Delegados de Polícia, enquanto as funções atuais, incorporadas há mais de 20 anos, continuam congeladas e sem perspectiva de reajuste, sendo destinadas ao esquecimento. O governo desconsidera a importância das FGs já incorporadas, que representam um direito adquirido e pessoal, mas que estão sendo gradativamente desvalorizadas até sua completa extinção.

Por outro lado, as instituições militares (BM e CBM) serão beneficiadas com alterações nos patamares iniciais dos seus quadros, além da criação de novas FGs. Os benefícios alcançarão 16.736 integrantes, com a elevação de Soldados dos níveis III e II para o nível I, representando mais da metade do efetivo, além do aumento do valor de 214 FGs para oficiais.

Custo/Investimento

O impacto financeiro total previsto pelo Estado, de janeiro de 2025 a dezembro de 2026, para as instituições militares será de R$ 586.971.570,00 (BM — R$ 20.224.313 com a criação de FGs e R$ 493.169.728 com elevações para o nível I; CBM — R$ 10.792.815 para FGs e R$ 62.784.901 com elevações para o nível I). Em contraste, para a Polícia Civil, o custo total nas mesmas datas será de apenas R$ 120.746.408 (sendo R$ 100.000.000 para sobreaviso e R$ 20.746.408 para a criação de FGs).

Essa disparidade é significativa, com um diferencial de quase 62% a mais em investimentos para as instituições militares. Enquanto a Brigada Militar beneficiará a maior parte de seu efetivo, as mudanças na Polícia Civil alcançarão, no máximo, 733 servidores (494 elegíveis para sobreaviso e 239 para FGs, a maioria no topo da carreira), representando menos de 15% do efetivo total.

Conclusões

Os benefícios para a Polícia Civil são significativamente menores em termos de abrangência para seu efetivo. Apenas 15% dos policiais civis poderão ver alguma melhoria, enquanto a maioria dos integrantes da BM será beneficiada, incluindo inativos e pensionistas.

A Brigada Militar obtém um avanço importante para seus servidores de menor remuneração, mas a situação da Polícia Civil é preocupante. As carreiras dos agentes de nível superior estão desvalorizadas, especialmente em função da disparidade salarial entre o cargo de Comissário de Polícia e o de Capitão da BM. Esta é uma oportunidade crucial para restaurar o alinhamento histórico e sexagenário, quebrado pelo atual governo, e para garantir melhorias estruturais reais para o quadro da Polícia Civil.